Monday 30 December 2013

RENATO JANINE RIBEIRO

O BRASIL PODE DAR CERTO?
por Renato Janine Ribeiro

Renato Janine Ribeiro fala sobre a agenda socialdemocrata que o Brasil precisa

VALOR ECONÔMICO, 30-12-13
Nenhum inglês rico completava a educação, nos séculos XVII e XVIII, sem o "Grand Tour", uma longa viagem ao continente europeu para conhecer cidades e artes. (O mais ilustre dos preceptores desses moços foi o filósofo Thomas Hobbes, que assim conheceu René Descartes.). Seria bom, hoje que a Europa está ao alcance da classe média, que nossos jovens a visitassem para aprender o que é uma realidade socialmente justa. Ao menos no núcleo duro da Europa Ocidental - França, Alemanha, Benelux, Escandinávia - uma cultura basicamente socialdemocrata se implantou após a Segunda Guerra e ainda resiste, formando um modelo de sociedade até hoje insuperado, superior ao nosso e ao norte-americano.
Levantei no Facebook a questão que considero a mais relevante para o Brasil: por que países devastados, como a Alemanha de 1945, ou atrasados, como a Espanha de 1975, conseguiram "dar certo" - e nós não? As respostas racharam. Em geral, quem se situa à "esquerda" protestou contra a ideia de "dar certo", sustentando que nem os europeus vão bem nem nós, tão mal. Já quem se diz liberal receitou reformas econômicas, como a desregulamentação da atividade empresarial (o exemplo mais comum). Entendo que essas são duas formas de não responder à pergunta mais importante sobre a sociedade brasileira.
Começo discutindo as reações mais à esquerda.

Ética e gestão, os dois pilares da boa política


Primeiro, o que é uma sociedade "dar certo"? Entendo:

1) um sistema de saúde eficiente e justo. Eficiente: que todos sejam atendidos bem, em prazo razoável, pelo menos para a maioria esmagadora das moléstias. Justo: ninguém receie que uma doença possa destruir sua renda ou patrimônio; a sociedade, pelo imposto (em especial, o de renda da pessoa física), cobrirá os gastos de saúde. Imaginem como esse ganho em termos de saúde melhorará as aposentadorias. Ninguém precisará passar a vida acumulando para o dia em que pagará 2 mil reais de plano de saúde, mil de remédios e ainda consultas e cirurgias.
2) uma educação de qualidade, gratuita ou quase. A importância inédita que a sociedade contemporânea atribui à educação tem duas grandes metas. Primeira: proporcionar, a todos, condições de concorrer em certa igualdade, neutralizando o bônus que a riqueza confere a alguns (e o bônus negativo que a pobreza inflige à maioria). Segunda: deixar que aflorem as mais variadas competências. Nunca houve sociedade rica e complexa como a atual. Ela precisa de competências mais variadas do que sociedades que só repetiam o passado. Hoje há mais espaço para cada um seguir sua vocação. Uma educação boa realiza vocacionalmente o indivíduo e capacita-o, se mostrar dedicação e empenho, a se projetar economicamente.
3) um transporte público bom, em grande parte - pelo menos nas maiores cidades - sobre trilhos. Na Grande Paris, mesmo no horário de pico dificilmente se gasta mais de uma hora e quinze para ir de uma ponta dos subúrbios a outra - com ou sem acidentes na rota. O transporte coletivo deve ser subsidiado, porque traz vantagens para a cidade, preservando-a da destruição operada por carros e avenidas. O Brasil é perverso: subsidia o carro privado, com isenção de impostos e construção de vias; por que não o transporte coletivo, que é mais saudável?
4) uma segurança pública decente, com policiais que respeitem o cidadão em vez de ameaçá-lo, e sejam dispostos e capacitados a apurar crimes.
Todos estes pontos associam ética e eficiência, valores e gestão. Todos tratam do que é mais justo socialmente, e do que é mais eficaz, virtude esta que geralmente associamos à economia e à administração. A fusão da ética com a eficiência é o segredo - que aguardamos - da boa governança.
Poderia falar da cultura, que aprimora qualidades humanas e capacidades profissionais, e das cadeias, que em vez de educar para o crime deveriam recuperar os detentos (como nas prisões rurais autogeridas de Minas Gerais, tema de recente reportagem do Valor), mas fico no "minimum minimorum". No Brasil, já seria uma revolução.
Esta satisfação das necessidades dá à Europa uma tranquilidade no convívio cotidiano. Se no Brasil as pessoas furam fila e passam pelo acostamento, em parte é pela crença de que "não vai haver o suficiente para todos": precisamos garantir o nosso, antes que a oferta se esgote. Mas, quando há bastante para todos, isso não é necessário. A vida fica melhor. O valor disso não tem preço.
Por isso, estranhei tanta gente que se diz de esquerda fechar os olhos ao desastre social que é nosso atraso nestes pontos. Os avanços petistas na inclusão social apenas tornam prioritária a construção de uma sociedade social-democrática (pouco a ver com o que propõe nosso partido de nome socialdemocrata). As faixas exclusivas de ônibus recentemente abertas em São Paulo fazem parte dessa mudança, mas que precisa ir além do emergencial - como as cotas, o elogiado Bolsa Família - e se tornar estrutural.
Estes anos, aumentou o dinheiro para os pobres consumirem, mas não houve um salto real nas funções distintivas do poder público. É paradoxal. O partido mais acusado de estatista promoveu um crescimento que beneficiou os pobres, sem tirar dos ricos. Talvez esteja se esgotando essa conciliação de classes. Talvez por isso, os conflitos sociais se tornem ásperos.
Discutirei, na semana que vem, o que a centro-direita propõe para o país dar certo.

***


Na última coluna mencionei Boulez, mas o certo era Olivier Messiaen. Peço desculpas por ter confiado demais em minha memória. Mas me deu prazer receber várias mensagens de leitores apontando o erro. O Brasil conhece melhor a música erudita do que este amador imaginava.

Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo. Escreve às segundas-feiras
E-mail: rjanine@usp.br


O BRASIL PODE DAR CERTO? (2)
por Renato Janine Ribeiro

Os liberais sabem da má qualidade de nossos serviços públicos, mas têm dificuldade em ir da teoria para a política

Valor Econômico, 06-01-2014

A Europa desenvolvida tornou realidade, na metade do século XX, direitos sociais relevantes. Ninguém precisa perder o patrimônio para ser tratado de uma doença séria, ou gastar boa parte de sua renda para se locomover. É isso o que chamo um país "dar certo". Os efeitos não são só materiais. Também explicam por que as pessoas não furam fila nem invadem o acostamento: sabem que há lugar para todos, que a demanda atende à oferta. Não temos isso no Brasil.

Uma discussão do tema, no Facebook, sugeriu que a centro-direita (ou os liberais, como preferem ser chamados) parece mais consciente, do que a centro-esquerda, da premência deste nosso desastre social. Reconhecer um problema é um passo para resolvê-lo. Só que a centro-direita propõe soluções que não levam em conta, ou só levam em conta enquanto obstáculo, não como oportunidade, a complexidade política de implantá-las.

Parte-se da crença de que a economia brasileira está em séria crise. As políticas distributivistas do PT teriam estancado o espírito de iniciativa empresarial. Seria preciso devolver - ou criar - condições para uma forte expansão econômica. As medidas sugeridas reduzem o papel do Estado, aumentam a concorrência, favorecem a contratação de empregados (isto é, favorecem sua demissão: o diagnóstico é que não se contrata por receio da burocracia que cerca o desligamento do funcionário).

Os que falam mais da economia que da sociedade

Essas análises estão certas, estão erradas? Não discutirei aqui. Mentes brilhantes as endossam. Mas trazem problemas políticos.

O primeiro está no próprio enunciado da questão que coloquei - do que o Brasil precisa para "dar certo". Os liberais acreditam saber o que falta para o País atender à demanda da rua por transporte, educação, saúde e seguranças decentes - mas suas propostas não vão além de fórmulas teóricas. Na política a teoria é necessária, mas insuficiente: o fundamental é construir, politicamente, as medidas que levem numa determinada direção. Explico.

Em 1994, o País estava travado, tanto pela inflação quanto pela indefinição de quem investiria, o Estado ou a iniciativa privada. Tendo domado a inflação graças ao Plano Real, FHC também venceu as resistências à privatização. Poderia ela não ser a melhor solução, certamente não era a única, mas foi a que ganhou apoio político. Já em 2002, o descontentamento com a desigualdade social permitiu que Lula mudasse o rumo de nossa política. Nos dois casos, houve demanda e liderança políticas. Mas hoje, quando nossos liberais propõem reformas econômicas para resolver sérios problemas sociais, não as traduzem em linguagem política. Ficam na teoria. Daí que lhes seja fácil responder a uma pergunta como a minha, às vezes até ironizando sua suposta ingenuidade, mas que não consigam fazer a teoria deles passar à prática. O problema é que, na política, a melhor teoria vale pouco, se não trouxer resultados.

O segundo problema é que a pasta dental não volta para dentro do tubo. Desregulamentar o mercado de trabalho para fazê-lo crescer causa desconfiança. Como convencer as pessoas de que terão mais e melhores empregos, se não tiverem garantia nenhuma deles? A inclusão social dos últimos anos, embora tenha se dado mais pelo consumo do que pela educação ou cultura, trouxe exigências irreversíveis. Pelo menos enquanto estiver no horizonte o consumo dos bens de consumo necessários (o iogurte de FHC, a geladeira de Lula etc.), não há condições políticas de sustá-lo. Haja China para nos exportar tudo isso, a preço que os ex-miseráveis possam pagar... Mas dificilmente alguém ganhará uma eleição sem aumentar o consumo, o que significa ampliar o crédito ao consumidor, o que implica ir na contramão do que os liberais pregam. Não interessa aqui se eles têm razão ou não; o ponto é que seu discurso não terá apoio político.

Política não é ter razão. Aliás, hoje a centro-direita acredita estar certa e se irrita porque os eleitores não votam nela; só que, vinte anos atrás, era o PT que se sentia assim. Recordar é viver.

Mais um problema. As demandas que hoje prevalecem são sociais, mas as propostas das oposições são essencialmente econômicas. O que é lógico, se elas consideram que a economia está em frangalhos e não sustentará nem o que existe, quanto mais uma expansão do gasto (ou investimento) social. Mas a economia é, quando muito, um meio, enquanto construir uma sociedade justa é um fim, o mais importante dos fins que nos podemos propor. Em especial, não se percebe que, como o cobrador do conto homônimo de Rubens Fonseca, estamos cansados de esperar, e os mais pobres mais que todos nós. Se alguém disser que, para se chegar à elementar justiça social, será preciso dar uma longa volta - seja pelo estatismo, seja pelo neoliberalismo - dificilmente ganhará a confiança do eleitorado. Estamos fartos de desvios que acabaram se eternizando.

Talvez por isso as pesquisas, que mostram a maior parte da população sequiosa de grandes mudanças, não beneficiem a oposição. (O governo é o favorito, não só pelo balanço de uma inclusão social que se realizou sem custos para as classes abonadas, como por ter oposições menos atentas do que deveriam à realidade social). Mas pode ser que em 2014 algum candidato a governador inove, propondo em termos concretos e confiáveis uma agenda que contemple transporte, saúde, educação e segurança públicos. Ou em 2016, alguns candidatos a prefeito despertem para as reivindicações populares. Penso que serão excepcionais: isto é, poucos em quantidade e altos em qualidade. Mas poderão renovar o panorama político brasileiro.

Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo. Escreve às segundas-feiras


O ESPÍRITO DE BOLONHA
por Renato Janine Ribeiro

Precisamos da Universidade sem Fronteiras, que a Europa iniciou em 1999 com o processo de Bolonha

Valor Econômico, 13-01-2014

Todo empresário interessado em ter mão de obra de nível universitário deveria saber o que é o processo de Bolonha. Todo professor universitário, igualmente. Mas não é o caso: poucos brasileiros o conhecem.

A União Europeia nasceu, em 1957, como Mercado Comum Europeu, unindo seis países. Seu objetivo mínimo era ampliar o comércio entre os membros e, assim, a produção em cada um deles. Já seu objetivo maior era impedir guerras: se para fazer aço era preciso carvão alemão e ferro francês, então ou um país roubava do outro o insumo que lhe faltava, ou os dois se aliariam. Aliaram-se. Com o tempo, o Mercado Europeu foi muito além de sua cópia sul-americana, o Mercosul. Autorizou seus cidadãos a viver e a trabalhar em qualquer dos países-membros, padronizou produtos, criou um Parlamento comum, cresceu. E em 1999 seus ministros da Educação assinaram a declaração de Bolonha, que depois seria endossada por outros países, hoje totalizando 47 - incluindo dezenove que não estão na União Europeia.

Seu ponto talvez central é promover uma enorme mobilidade estudantil. Um universitário pode começar seu curso num país, fazer matérias em outra universidade (ou país) e usar os créditos assim obtidos com certa facilidade. É o que se chama portabilidade de créditos. Imaginem isso aqui. Se um brasileiro for trabalhar dois anos na Argentina e levar os filhos crianças ou adolescentes, terá muito trabalho para revalidar os cursos que fizeram na escola básica. O que é de um absurdo total! É óbvio que, se meu filho passar dois anos em Buenos Aires, ele até poderá voltar ao Brasil cometendo alguns erros de português - mas dominando a língua, os costumes, a cultura de nosso principal aliado e parceiro. Em poucos meses, alcançará os colegas brasileiros no que lhe ficou faltando, e poderá repassar a eles muito do que aprendeu. Mas não temos previsão, em nosso sistema escolar, para um "fast track" nessa direção. Ao contrário, burocratizamos tudo isso. E no ensino superior ou na pós-graduação, a desconfiança é ainda maior.

O futuro depende de uma mobilidade estudantil intensa

Mas atenção. Bolonha não é um liberou geral. Não basta cursar uma disciplina qualquer, onde quer que seja, para ela valer. Aliás, o Brasil sabe dos problemas disso. Na Argentina, uma instituição de ensino superior - que não é reconhecida nem mesmo lá - se especializou em dar títulos de doutor a brasileiros. Nossos cursos de doutorado a conhecem e, com o apoio da Capes e do Conselho Nacional de Educação, se negaram a acolher seus títulos, que por sinal eram emitidos com a anotação de não valerem sequer na Argentina... Então, a necessidade suplementar do processo de Bolonha é: cada país precisa ter uma agência poderosa de avaliação e reconhecimento dos cursos de ensino superior. Ela pode ser estatal ou privada, conforme a lei local, mas tem de ser rigorosa. É ela que vai garantir que um crédito da USP valha um da UFRJ, e vice-versa, e vai descartar os cursos de má qualidade.

É preciso detalhar as vantagens desse sistema numa cultura globalizada? Formaremos alunos que conhecerão seu mundo para além das fronteiras. Acabará a atual exigência, sempre que faço uma disciplina fora da faculdade, de pedir seu reconhecimento a uma comissão de três professores, cujo parecer subirá ainda a mais uma ou duas instâncias superiores. A condição para tanto é rigor. Mas uma agência avaliadora sai da apreciação no varejo, no balcão, de cada pedido individual, e vai examinar a qualidade dos cursos mesmos. Todos os que trabalham bem ganham com isso; perde quem trabalha mal. O efeito educacional é enorme.

Quem leu os últimos rankings das universidades do mundo notou que, entre as primeiras 500, são raras as que não dão cursos regulares em inglês - como as nossas USP, Unicamp, UFRJ. Esse assunto é delicado porque, não tendo cursos regulares em inglês, atraímos menos alunos estrangeiros e pontuamos mal no item "mobilidade" - mas, se os dermos, poderemos chegar à esquisitice de professores brasileiros lecionando em inglês para alunos brasileiros, só para termos mais alguns estudantes de fora da América Latina. Esse é um desafio difícil para nossa educação, que precisará ser tratado nos próximos anos. Mas a questão crucial é que precisamos ter uma mobilidade intensa dos estudantes, com os nossos indo para outras instituições e mesmo países, e com nossas universidades recebendo jovens estrangeiros. Isso terá de ser feito, sob pena de nos atrasarmos na cooperação internacional. (Poderia acrescentar a competição internacional, mas na verdade necessitamos de ambas). Como fazer isso? Ninguém sabe ainda resolver a questão da língua, mas podemos começar a discutir a questão central, que é a mobilidade.

Um bom começo seria no âmbito do Mercosul - até para dar-lhe mais ambição porque, seis décadas depois do Tratado de Roma, é pouco nossos quatro países se limitarem a trocar mercadorias, sem uma intensa mobilidade humana, que deve principiar pelos jovens. Agências de avaliação educacional, como a Capes brasileira e congêneres, poderiam assegurar a qualidade pelo menos das melhores instituições de ensino superior desses países, tornando portáteis os seus créditos. Não deveria ser ainda em todas as habilitações, mas poderia começar com cem ou duzentos cursos, em uma ou duas dezenas de universidades de alta qualidade. Está na hora de termos a Universidade sem Fronteiras. Podemos iniciá-la pelas melhores. Isso não é fácil: cada iniciativa dessas abre lugar a ações duvidosas. Mas o desafio existe, e tem de ser enfrentado. Para o bem de nossa cultura, nossa economia e nossa política, não devemos perder tempo.

Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo. Escreve às segundas-feiras


A INCLUSÃO SOCIAL PELA EDUCAÇÃO
Por Renato Janine Ribeiro

A inclusão social mais sustentável se dá pela educação, mas ela está em mudanças, que a maior parte ainda desconhece

VALOR ECONÔMICO, 03-02-2014

Comentei na semana passada o pacto implícito que resultou na maciça inclusão social pelo consumo, promovida pelo PT, para satisfação geral da nação - das dezenas de milhões que subiram para a classe C, podendo agora comprar todo bem de consumo durável doméstico; dos empresários que lucraram com isso; da sociedade que respirou, porque imaginem só o tamanho da violência num cenário de alto desemprego e de falta de perspectivas de ascensão social para os mais pobres. Mas alertei para os problemas do consumismo, facilitados pela forte marca do prazer em nossa sociedade. E se a inclusão - que precisa passar pela renda e pelo consumo - realmente sustentável se der pela educação?

Qualquer discussão sobre a ascensão social dos pobres terá, como uma das principais respostas, a educação. Ela é muito elogiada. Mas nem sempre a sério. Às vezes é um meio de desviar a atenção de reformas econômicas e sociais que aumentem realmente a renda dos pobres. Como tudo na educação demora tempo, invocá-la pode ser um modo de jogar para escanteio as transferências de renda necessárias para extinguir, não só a miséria, mas também a pobreza. E uma boa educação custa dinheiro.

Mas hoje discutirei o valor da educação, não seu preço ou custo - tema que fica para outra vez. A educação dá poder às pessoas. Vivemos na sociedade mais complexa da História. Vejam: há vinte anos, a USP oferecia menos de cem habilitações (ou "diplomas") diferentes na graduação. Hoje são uns 250. Essa riqueza de cursos é um modo de formar profissionais capazes de entender a diversidade do mundo e de atuar nele. Mas, se é um modo, não é o único. As universidades federais da Bahia e do ABC fizeram experiências audazes na graduação. Apostaram no bacharelado interdisciplinar que, em vez de direcionar para uma profissão específica, busca formar alguém que, no futuro, seja capaz de reposicionar-se, de mudar seus rumos. A ideia - que já defendi em livro - é que o aluno aprenda as várias linguagens do mundo, mais que o conteúdo de cada uma delas. Por exemplo, antropologia e economia veem a sociedade de maneiras distintas. Se os futuros profissionais souberem quando precisam mudar de ferramenta mental, estarão mais aptos a lidar com o imprevisto, a diferença, a surpresa, as mudanças na vida.

Preparar um jovem para as surpresas da vida

Isso, também, porque cada vez menos formados trabalham na profissão que escolheram na faculdade. Engenheiros se tornam gerentes de banco, porque seu principal trunfo nem sempre é saber construir casas ou pontes, mas sim dominar o raciocínio mais prático que existe. Formados em filosofia se espalham pelas profissões, porque sabem mudar de forma de pensamento - de "paradigma", se quiserem - velozmente. Em 2007, o presidente do Conselho Nacional de Educação dizia que um terço dos formados em medicina, um dos cursos mais caros que há, não atuava como médico. Dos diplomados em direito e administração, a grande maioria trabalha em outra área. A meu ver, isso deveria reduzir o stress na escolha do curso universitário: é bem possível que meu filho ou o seu mude de rumo, na faculdade ou depois dela, e isso pode ser um êxito, não uma falha.

Mas há também a educação básica. As avaliações, em especial o IDEB, permitem medir de maneira acurada as escolas do Brasil inteiro. Uma pessoa responsável deve levá-las em conta na hora de escolher a escola do filho. Quem paga a escola diretamente deve cobrar-lhe resultados. Quem a paga pelo imposto, colocando o filho na escola pública, deve exigir dos governantes que tenha qualidade.

Aqui há um alerta a fazer. As avaliações de desempenho das escolas se focam no êxito - ou fracasso - delas na transmissão de conhecimentos. Verificam, por exemplo, se no primeiro ano de escolaridade a criança aprendeu as operações básicas da aritmética, a ler e a escrever. Não medem a qualidade da formação do ser humano. Tenho uma recomendação aos pais. Quando escolhi a escola do meu filho, vi as três melhores do bairro - com base nas avaliações do Ministério da Educação - e depois as visitei. Procurei entender o projeto, a filosofia de cada uma, para além das notas do IDEB. Porque, afinal, numa cidade grande, a diferença entre as cem melhores escolas pode ser pequena. E dificilmente uma avaliação medirá se a escola forma uma pessoa ética e com iniciativa.

São esses os dois pontos principais na formação de uma criança ou adolescente: deve se tornar um ser humano íntegro, e ao mesmo tempo o mais criativo possível. Mas não é tão fácil unir estas duas qualidades. Muita ênfase na iniciativa pode levar a uma formação competitiva demais - com o risco de não respeitar o outro, de atropelá-lo. E não podemos confundir o respeito aos outros com o respeito à autoridade. Nas minhas visitas encontrei um colégio que apresentava, como virtude a valorizar naquele mês, a obediência. Ora, respeito não é obediência. Respeito se dirige a todos e institui um mundo de iguais. Já a obediência geralmente é vertical, é do subordinado em relação ao superior. Uma pessoa criativa e com iniciativa deve ser respeitosa, mas será obediente? Não muito.

Temos assim rumos diferentes para a educação aprimorar as pessoas, dando-lhes instrumentos para crescer na vida - e não apenas pela ascensão social. Na verdade, o mais importante da educação é o que fica dentro da pessoa: sua formação. E esta é uma das vantagens da educação, sobre o consumo, na inclusão social: o que você consome se esvai imediatamente e precisa ser substituído; já a pessoa que você se tornou não se perde. É sua para sempre. O trabalho da educação é mais consistente.

Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo. Escreve às segundas-feiras

E-mail: rjanine@usp.br


O ECONÔMICO E O SOCIAL
Por Renato Janine Ribeiro
Parte do empresariado parece acreditar que só haja ideologia à esquerda
Jornal VALOR ECONÔMICO, 24-02-2014

Sunday 22 December 2013

POPULISMO

O DISCRETO CHARME DO POPULISMO
por Eleonora de Lucena
RESUMO Livro de Ernesto Laclau publicado agora no Brasil revê o populismo em chave bem diversa do menosprezo e desdém em geral atribuído a ele. Para o pesquisador, a prática política representa uma articulação profunda por mudanças institucionais e teve papel preponderante na consolidação da democracia na América Latina. - Folha de São Paulo, 15-12-2014

A RAZÃO POPULISTA, de Ernesto Laclau
Estou lendo A Razão Populista, de Ernesto Laclau. Estudei este autor (que faz um interessante cruzamento de Marx/Gramsci e Lacan) mais de 20 anos atrás. Agora, neste livro recém pu...

Análise do discurso: A discussão do populismo no extremo sul do Rio Grande do Sul
Paulo Sérgio Mansija Pinto

Historiador diz que “populismo” é democrático e progressista. Já o neoliberalismo…
21 de dezembro de 2013 | 16:30 Autor: Fernando Brito

Sunday 15 December 2013

EDUCAÇÃO e ECONOMIA - CRESCIMENTO x DESENVOLVIMENTO

MAIS EDUCAÇÃO É MAIS SALÁRIO?
por Samuel Pessoa
Apesar de pesquisa empírica e de 50 anos de teoria, ainda há ceticismo sobre isso, com mais verbo do que números
Folha de São Paulo, 01-12-2013
A hipótese de causalidade entre educação, produtividade e desenvolvimento econômico foi formulada na virada dos anos 1950 para os 1960 por três pesquisadores: Theodore Schultz, Gary Becker e Jacob Mincer.

EDUCAÇÃO E CRESCIMENTO ECONÔMICO
por Samuel Pessoa
Maior escolaridade causa maior remuneração; logo, é possível dizer que redunda em maior crescimento?
Folha de São Paulo, 15-12-2013
Na coluna do dia 1º, tratei da relação entre educação e renda do trabalho. Narrei

QUALIDADE DA EDUCAÇÃO TRAZ CRESCIMENTO
por Samuel Pessoa
Subestimar a importância da educação para o crescimento é uma constante no Brasil, principalmente na esquerda
Folha de São Paulo, 22-12-2013
Esta é a terceira coluna que trata do tema da educação e crescimento. A importância do assunto, para mim, está no fato de que há uma percepção bem estabelecida por diversos pensadores brasileiros de que a educação é mais resultado do crescimento do que ...

EDUCAÇÃO E PRODUTIVIDADE
por Samuel Pessôa
Saber bem as 4 operações e ler com rapidez, por exemplo, torna mais produtivo o trabalhador
Folha de São Paulo, 05-01-2014
Nesta primeira coluna do ano, volto ao tema recorrente das últimas semanas. Trata-se da centralidade da educação na melhora da produtividade do trabalho. O leitor pode ter certeza de que a insistência no tema não é exagero: é uma das questões mais relevantes para o Brasil em sua justa ambição de convergir para o nível de desenvolvimento das nações mais avançadas.

EDUCAÇÃO NÃO É TUDO
por Samuel Pessôa
Além da educação, marco regulatório e infraestrutura explicam a renda melhor dos países desenvolvidos
Folha de São Paulo, 13-01-2014
O leitor já deve ter notado a minha obsessão com o tema da educação. Desde que ocupo este espaço, há pouco mais de um ano, escrevi cinco colunas sobre a relação entre educação e crescimento. Como já expliquei, minha insistência no tema deve-se à dificuldade que temos enquanto sociedade em apreciar essa relação.

CRESCIMENTO, FENÔMENO INSTITUCIONAL
por Samuel Pessôa
Um marco institucional que não alinhe o retorno privado ao social dificulta o crescimento econômico
Folha de São Paulo, 19-01-2014
Três fatores são responsáveis pela diferença de produtividade do trabalho entre o Brasil e as economias de desenvolvimento econômico elevado: escolaridade da mão de obra, oferta de infraestrutura física e qualidade do marco institucional, jurídico e legal. São questões que já abordei neste espaço.

A EEDUCAÇÃO BRASILEIRA E O PISA
por Marcelo Miterhof
Parte do avanço do país na avaliação se deve aos avanços nas condições socioeconômicas dos alunos
Folha, 12-12-2013

A TRAVA E AS CHAVES:  Lições da educação
Focar professor dá mais resultado que ampliar gasto
Receita: Série mostra reformas em outros países (Folha de São Paulo, 15-12-2013)

Eric Hanushek: "O futuro do Brasil depende de bons professores e de alunos competitivos”

Na educação, Brasil tem motivos para celebrar e para se preocupar, diz jornalista
por Fabiano Maionnave - 09/12/2013 - 04h00

‘Só dinheiro não garante ensino de qualidade’, diz economista professor de Harvard
Para Richard Murnane, se professores não dispõem do conhecimento necessário, dar incentivos financeiros a eles não adianta

Richard Hartill explica como o modelo econômico da América Latina afeta a educação

ENTREVISTA DA 2ª JAMES HECKMAN
PARA ECONOMISTA AMERICANO, ESCOLAS ESTÃO DEIXANDO DE TRABALHAR HABILIDADES COMO MOTIVAÇÃO, CONTROLE EMOCIONAL E INTERAÇÃO SOCIAL


Entrevista: Jack Shonkoff - VEJA
Especialista defende que crianças oriundas de família de baixa renda e escolaridade necessitam de assistência escolar desde os primeiros anos

ENTREVISTA DA 2ª ALEXANDRE RANDS
Economista diz que país erra ao não priorizar educação e que investimento atual mantém diferenças regionais

POR MARCIO BITTAR

INTERNATIONAL HANDBOOK ON THE ECONOMICS OF EDUCATION
Edited by Geraint Johnes
Professor of Economics, Lancaster University Management School, UK
Jill Johnes
Lecturer in Economics, Lancaster University Management School, UK


O ESPÍRITO DE BOLONHA
por Renato Janine Ribeiro
Precisamos da Universidade sem Fronteiras, que a Europa iniciou em 1999 com o processo de Bolonha
Valor Econômico, 13-01-2014


EDUCAÇÃO, NEGÓCIOS E CORRUPÇÃO [LIVRO]
Por Jorge Felix | Para o Valor, de SP
Michelle Bachelet volta ao governo do Chile com sérios problemas na área universitária
VALOR ECONÔMICO, 14-01-2014


FEDERAL DO ABC AMPLIA INTERNACIONALIZAÇÃO
Por Luciano Máximo | De Santo André (SP)
Aberta em 2006, instituição tem são parcerias com universidades de mais de 20 países, em todos os continentes
VALOR ECONÔMICO, 14-01-2014



FUTURO DO EMPREGO - THE ECONOMIST

Saturday 14 December 2013

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE - UFAC - InovaUfac

CHAMADO AO CCBN (Centro de Ciências Biológicas e da Natureza)
No dia 20 de novembro, o Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Josimar Ferreria, foi convidado para falar das ações de pesquisa e pós-graduação que estão sendo desenvolvidas na UFAC na Assembleia do Centro. Um belo, moral e ético pretexto.
A Assembleia começou, após superar uma longa pauta interna, o presidente da Assembleia passou a fala ao prof. Josimar Ferreira. Quando este concluiu, foi aberta as falas. Duas pessoas se inscreveram, sintomaticamente: a professora Margarida Lima (ex-candidata a reitora, derrotada pelo atual Reitor) e o professor Sebastião Elviro (ex-indicado a pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, num possível reitorado da profa. Margarida Lima).
Os dois tinham a missão de dizer que não existe uma política de pós-graduação, refletindo ainda um rancor de candidatos derrotados; coisa lamentável, de subperiferia.
Nessa toada, o que mais chamou a atenção foi (omitindo os adjetivos que cabem) de um dos professores que falou. Referindo-se a criação do primeiro programa de doutorado institucional da UFAC, ele simplesmente afirmou, com tanta desfaçatez e dissimulação, que a atuação gestão não teve nenhum papel nesse processo. Segundo o ético e moral docente, o único responsável pela a aprovação do doutorado foi um nordestino, diretor da CAPES, que teve pena da situação da UFAC.
Nem informar o que o professor Minoru fez com essa finalidade, cabe aqui, tamanha a falta de senso civilizatório do que o professor afirmou.

Saturday 30 November 2013

AN OPEN LETTER TO GREG MANKIW

Os estudantes de economia de Harvard têm motivo para uma nova revolta
por Alexandro nadal


O PROTESTO NAS UNIVERSIDADES POR UM NO ENSINO DE ECONOMIA
A forma como se ensina economia nas universidades é anacrônica e está "presa numa cápsula do tempo". Por Helena Oliveira, Jornal de Negócios (Portugal)

Até aqui, poderia ser chamada como uma “revolução silenciosa”. Um pouco por todo o mundo, grupos de estudantes de economia estão a organizar-se e a erguer a sua voz exigindo uma reforma nos programas curriculares da disciplina. Questionando a hegemonia da teoria neoclássica, a excessiva utilização dos modelos matemáticos e a desconexão entre “economia” e questões econômicas reais, os estudantes em causa, apoiados por um número crescente de acadêmicos e economistas de referência, divisaram estratégias variadas de ação e estão a começar a atingir sucessos reais. Depois de manifestos, movimentos e conferências, os media começaram a cobrir este grito de reforma e já há muita gente que o escuta, regista as suas frustrações e se prepara para agir. O VER [FACE] conta a história de uma nova “Nova Economia” que, finalmente, parece estar a dar os primeiros passos em muitas instituições de ensino de referência.

“Se desejam enforcar alguém por causa da crise, enforquem-me a mim, e aos meus colegas economistas”. A frase, indubitavelmente surpreendente, foi proferida por uma economista e acadêmica de Cambridge, Victoria Bateman, e deixou profundamente incomodados os demais acadêmicos e economistas reunidos, no final do mês de Outubro, numa conferência que teve lugar em Downing College, Cambridge, a propósito da crise econômica.

No seu novo livro, Never Let a Serious Crisis Go to Waste, o economista norte-americano Philip Mirowsky conta a história de um colega seu, professor na Universidade de Notre Dame, ao qual foi pedido, pelos seus alunos, que fizesse um debate sobre a crise financeira. Dado que corria o ano de 2009 e o mundo financeiro estava a colapsar aos olhos de todos, os alunos pensaram que este seria um excelente tema para ser debatido na aula de macroeconomia. A resposta do professor: “Os estudantes foram laconicamente informados que o tema não constava do conteúdo programático da disciplina, nem era mencionado na bibliografia afixada e que, por isso, o professor não pretendia divergir da lição que estava planeada. E foi o que fez”.

Num artigo publicado no The New York Times, e também em 2009, o laureado com o Nobel da Economia e também professor em Princeton, Paul Krugman, escrevia: “tal como eu a vejo, a profissão de economista sofreu um profundo desaire porque os economistas, enquanto grupo, confundiram a beleza e a sofisticação da matemática com a verdade”.

O que têm estas três histórias em comum? À primeira vista, uma recusa em acreditar que o mundo mudou, que as lições decorrentes da crise financeira não foram debatidas, ou estudadas, e que a economia continua a ser uma disciplina que ignora as evidências empíricas que contradizem as teorias mainstream que, até agora, fazem parte dos seus conteúdos pragmáticos.

E é contra esta recusa cega e teimosamente persistente que muitos estudantes de economia, de diversas universidades e de vários cantos do mundo, se estão a organizar em movimentos estudantis, a angariar apoio acadêmico no geral, e de muitos economistas de renome em particular, e a publicar manifestos nos quais exigem que o estudo da economia reflita o mundo pós-Grande Recessão e que os modelos que sustentam a disciplina sejam mais pluralistas e menos dogmáticos.

Contra o autismo econômico [Post-Autistic Economics Network]
A 6 de Abril último, um grupo de estudantes da École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS) - FACE -, uma das mais reconhecidas instituição de ensino de ciências sociais em França, realizou uma assembleia geral para discutir alternativas à ortodoxia corrente que caracteriza o ensino da economia no século XXI. Em Setembro do ano passado, mais de 400 estudantes alemães participaram num “evento de alternativa pluralista” organizado pela Associação Econômica Alemã, com o objetivo de debaterem, num fórum organizado para o efeito, ideias econômicas fora do âmbito mainstream. Em finais de Junho do corrente ano, estudantes, acadêmicos, profissionais e cidadãos juntaram-se em Londres para repensar a economia e o seu ensino enquanto disciplina na denominada Rethinking Economics Conference (FACE).

Estes são apenas alguns dos exemplos que, através de iniciativas aparentemente separadas, se estão a transformar num movimento global de estudantes – e também de professores – cujo objetivo principal é alterar a forma como se olha para a economia enquanto disciplina e enquanto ciência, não exata, mas antes plural e “humana”.

O início deste movimento teve lugar em França, no já longínquo ano 2000, quando ainda não se sonhava com o escândalo da Enron e, muito menos, com o pesadelo de Wall Street e as sequelas que se lhe seguiram e que afetaram o mundo financeiro e econômico global como o conhecíamos. Na altura, um grupo de estudantes franceses publicou um manifesto no qual exigiam o fim “do autismo no ensino da economia” enquanto disciplina. Em particular, os estudantes criticavam a utilização “descontrolada” da matemática no ensino da economia, como se a primeira fosse “um fim em si mesma”, o fracasso do seu envolvimento com a economia real, o dogmatismo reinante e a inexistência de um pluralismo intelectual no ensino da disciplina em causa, o qual não deixava espaço algum para o pensamento crítico em geral e para abordagens alternativas à economia em particular. Na altura, o manifesto estudantil deu rapidamente origem a uma petição por parte dos professores de economia franceses, que apoiavam o conteúdo do mesmo, o que acabou por ter um eco substancial não só na imprensa como também ao nível político, tendo sido instituído, pelo então ministro da Cultura francês, um comité para investigar as “queixas” levadas a cabo por estudantes e professores.

Treze anos passados e as questões colocadas por este grupo de estudantes continuam por resolver. Mas e apesar do rótulo da necessidade de uma “economia pós-autismo” ter desaparecido, os movimentos de estudantes estão em crescendo, multiplicando-se as iniciativas, bem como as vozes concordantes que clamam por uma nova abordagem da economia. Como se pode ler na página do movimento Rethinking Economy (FACE), os estudantes alemães que participaram no evento acima referido vêem agora a sua “alternativa” a ser replicada em várias universidades alemãs, numa rede intitulada Rede Alemã para uma Economia Plural, o mesmo acontecendo com estudantes no Canadá ou no Chile.

O reputado Institute of New Economic Thinking, sedeado em Nova Iorque, lançou a Young Scholars Initiative (FACE) que “apoia a nova geração de pensadores da nova economia” e, na mesma linha, a World Economics Association  - que reúne mais de 12 mil economistas de todo o mundo – fundou também a Young Economists Network.

Mais recentemente, a Universidade de Manchester lançou a The Post-Crash Economics Society (FACE[Colleges are teaching economics backwards], colocando online uma petição para alterar os conteúdos programáticos com base num manifesto que, entre outras coisas, sublinha a ideia que a economia é muito mais que crescimento e PIB e que a expansão do pensamento econômico é vital para os líderes do futuro. Numa carta aberta publicada pelo jornal britânico The Guardian, os membros desta “sociedade” têm vindo a ganhar uma visibilidade crescente ao longo deste mês de Novembro – com uma excelente ajuda por parte do próprio jornal – depois de um conjunto de acadêmicos ter enviado também uma carta ao mesmo na qual “afirmam compreender a frustração dos jovens com a forma como a economia é ensinada na maioria das instituições no Reino Unido”. Para este conjunto de professores, que fazem parte do Post Keynesian Economics Study Group, [BR, Blog BR] a economia contemporânea continua a ser moldada pela abordagem neoclássica [em que a ciência econômica é vista como “pura”, identificando-se com o mercado, ou concorrência, em particular sobre a forma de concorrência perfeita, em que os sujeitos econômicos agem racionalmente em termos de maximizadores ou minimizadores de qualquer coisa, sejam utilidades, lucros, custos, etc. e são dotados de idêntico poder]. Para estes acadêmicos, esta abordagem tem apenas em consideração os “microfundamentos” que se baseiam nos indivíduos racionais e egoístas em detrimento de uma qualquer plausibilidade empírica. “Este compromisso dogmático contrasta significativamente com a abertura do ensino em outras ciências sociais as quais, de forma rotineira, apresentam paradigmas concorrentes”, escrevem, acrescentando que “os estudantes podem hoje terminar a sua licenciatura em economia sem nunca terem sido expostos às teorias de Keynes, Marx ou Minsky e sem nunca terem ouvido falar da Grande Depressão”.

Ou, em suma, e regressando às questões pioneiras levantadas pelos estudantes franceses em 2000, o cenário parece não ter mudado: o ensino da economia continua a ser dogmático e “estreito”, os modelos matemáticos continuam a estar no seu centro, os humanos são tratados como se de máquinas calculadoras se tratassem e a maioria dos acadêmicos continua a ter muito pouco a dizer sobre os acontecimentos que vão caracterizando a economia real. Mais importante ainda é o facto de a crise financeira e econômica de 2008 ter demonstrado, de forma dolorosa, que os modelos macroeconômicos ortodoxos são manifestamente inadequados e que a economia mainstream não ajudou os economistas a prever a crise nem permite, tal como está, que se evitem recessões intermináveis.

Debates, enfoque na história do pensamento econômico e sustentabilidade

Mas e afinal, o que pretendem os estudantes e os professores e demais economistas que os apoiam?

Os estudantes da Universidade de Manchester que formaram a já mencionada Post-Crash Economics Society [Colleges are teaching economics backwards] encontraram inspiração para a criação da sua “sociedade” depois de terem assistido, em Fevereiro de 2012, a uma conferência organizada pelo Banco de Inglaterra e pela Royal Economic Society. Intitulada “Are economics graduates fit for purpose?”, o evento contou com a presença de um conjunto de diversos especialistas que analisavam, exactamente, uma das consequências da crise financeira e econômica de 2008: a reavaliação da própria economia por parte daqueles que a praticavam, o que implicaria, naturalmente, a forma como esta era ensinada nas universidades. Como afirmou então Diane Cole, directora da consultora Enlightenment Economics, uma das oradoras, “a crise foi um enorme fracasso intelectual, pois todos a percebemos de forma errada”. E, na verdade, a questão da necessidade de existir uma reforma no ensino da economia está estreitamente relacionada com o “status” intelectual da própria economia, no pós-crise. Mas não só.

Como se pode ler na carta aberta enviada ao The Guardian [português], os estudantes de Manchester têm uma ideia bastante precisa da desadequação do ensino da economia relativamente ao mundo em que vivemos. Quando abordam a questão das teorias econômicas, escrevem: “esta [a teoria neoclássica] gira em torno da ideia do agente individual. Um agente pode ser uma pessoa ou uma empresa, por exemplo, a interagir com uma outra através de preços, num mercado. E o carácter de um agente ou os desejos claros de uma empresa ou de um consumidor no mercado são-nos apresentados como modelos matemáticos. É esta simplificação da natureza humana, apresentada numa sucessão de equações que, muitas vezes, sufoca a economia neoclássica e lhe nega a fluidez necessária para descrever, de forma precisa, a mudança patente no mundo em que vivemos”.

E acrescentam: “indivíduos que compram e vendem bens para gerar lucro, sem qualquer ideia de que forma estes bens podem afetar o planeta ou afetar a vida das pessoas, é uma questão ignorada [no ensino da economia] mas que deve ser uma preocupação para todos nós. O sistema financeiro corre ao ritmo desenfreado da imediaticidade, sendo que o colapso financeiro de 2008 lançou alguma luz em como uma ausência de conhecimento dos fracassos do mercado pode ser desastrosa para a sociedade”.

Afirmando ainda que não pretendem afirmar que o modelo neoclássico é perfeitamente inútil, os estudantes concentram-se, ao invés, num conhecimento mais alargado de outro tipos de teorias – privilegiar o ensino da história do pensamento econômico é um “pedido” comum nos vários manifestos estudantis – em conjunto com outras ferramentas que lhes permitam perceber o que é melhor para uma economia, “não sendo esta limitada apenas por questões de crescimento e lucro, mas incluindo o estudo de mecanismos que permitam a sustentabilidade, a equidade e a consciência social”.

Na petição que consta no site da “sociedade de estudantes”, os promotores da iniciativa relembram ainda a variedade de escolas de pensamento existentes na disciplina e que a integridade acadêmica exige que teorias econômicas alternativas sejam ensinadas aos alunos. A forma como a economia é ensinada, defendem, dá origem a consequências importantíssimas pois as nossas sociedades são moldadas por políticas e acontecimentos econômicos.

Adicionalmente, a desadequação entre os conteúdos programáticos e as necessidades do mundo real constitui um desafio enfrentado pelos departamentos de economia de universidades de todo o mundo. Afirmando acreditar que a educação em economia deveria incluir uma pluralidade significativa e uma ainda maior avaliação crítica, as propostas dos estudantes são claras:

Sublinhar, em cada módulo, as teorias econômicas a serem ensinadas, para que a  economia não seja encarada como uma disciplina monolítica e sem debate.

Porque as teorias econômicas não podem ser devidamente compreendidas sem o conhecimento dos contextos sociopolíticos e tecnológicos nos quais são formuladas, o relacionamento com a história economica deverá ser feito sempre que possível.

Disponibilizar cadeiras com perspectivas econômicas alternativas nos três primeiros anos do curso, deixando claro que a ideia não é a de se ignorar o ensino da economia mainstream, mas sim compreender que a pluralidade de perspectivas é estritamente necessária.

Sempre que possível, os docentes deverão relacionar a matéria em causa com o mundo real para que os estudantes aprendam a aplicar a teoria e compreendam onde falha a teoria para explicar a realidade.

Os módulos devem encorajar também o desenvolvimento de competências críticas e os tutoriais deverão estimular a discussão e o pensamento reflexivo.

Já a Rethinking Economy,a comunidade que tem como objetivo desmistificar, diversificar e revigorar o estudo da economia, numa rede abrangente de cidadãos, estudantes acadêmicos e profissionais, com o objetivo de formar uma rede colaborativa de “re-pensadores”, apresenta três linhas por excelência para a reformulação do ensino da disciplina.

Uma linha acadêmica, que privilegie pontes com disciplinas direta e indiretamente relacionadas com a economia, que faça progressos no ensino de outras perspectivas e metodologias até agora negligenciadas e que promova a colaboração, a humildade e a prática ética na academia;

Uma linha educacional, que desmistifique a economia enquanto ciência técnica, construindo comunidades abertas e colaborativas de pensadores econômicos; que expanda a criatividade e a consciencialização social dos economistas e cidadãos do futuro, ao mesmo tempo em que encoraje a utilização de ferramentas de análise econômica por parte de todos os que participam numa sociedade que é significativamente moldada por forças econômicas;

E uma linha política que potencie a capacidade de organização efetiva por parte dos estudantes e professores de economia, que reconheça os seus papéis e as responsabilidades, enquanto agentes políticos, no interior das várias instituições e na vida pública alargada.

Um último consenso que une todos estes movimentos: se nada for feito para se alterar a forma como a economia é ensinada nas universidades, os futuros líderes, empresariais e financeiros, continuarão a não perceber as consequências diretas das suas ações face à sociedade em que vivemos e, obviamente, relativamente ao planeta que habitamos. Estender a economia para além da ortodoxia, abordando teorias alternativas que não se limitam a alocar recursos através da simples equação da procura e da oferta, mas sim privilegiando um pensamento reflexivo de longo prazo será imprescindível para que a questão da sustentabilidade ganhe momentum e para assegurar que as decisões das pessoas têm origem na responsabilidade social.



Um “novo” curso de economia?
A forma como se ensina economia nas universidades é anacrônica e está “presa numa cápsula do tempo”.
Por Helena Oliveira, Jornal de Negócios (Portugal)


IT'’s THE SYSTEM STUPID
Structural Crises and the Need for Alternatives to Capitalism
Hans Despain

On Thursday, December 13, 2012, The Guardian announced Queen Elizabeth finally received an answer to her question—“Did nobody see this coming?”—about the 2008 financial crisis.1 While she was touring the Bank of England, Sujit Kapadia, one of the bank’s economists, informed Her Majesty that financial crises are a bit like earthquakes and flu pandemics: rare and difficult to predict. An impressive answer indeed. Brilliant for its vagueness, spuriousness, and obtuseness. [...]

O problema são os economistas
by Paul Krugman, do The New York Times — publicado 20/12/2013 09:40, última modificação 20/12/2013 09:40

Hoje temos gerações de profissionais criados na crença de que a teoria keynesiana está errada


ARE ECONOMICS GRADUATES FIT FOR PURPOSE?
Diane Coyle, 22 February 2012
The global crisis has plunged the economic profession into a state of anxiety, at least in some quarters. One question, among many, is whether the way economics is taught at universities needs to be rethought. This column summarises the range of views raised at a recent conference on this issue organised by the British government, the Bank of England, and the Royal Economic Society.

OS TROPEÇOS DA CIÊNCIA TRISTE - Os economistas mais erram do que acertam, e mesmo assim dão de ombros aos ressentimentos de quem acreditou neles, por Luiz Gonzaga Belluzzo — publicado 19/01/2014 09:14

Microeconomics for All
por PAUL SEABRIGHT


WHAT IS WRONG (AND RIGHT) IN ECONOMICS?
DANI RODRIK
MAY 07, 2013


Rethinking Economics: From the UK, a Global Student Movement Takes Shape
Sunday, 02 February 2014 10:13
By Ruby Russell, Occupy.com | News Analysis



CONEXÃO DEMAIS E ATENÇÃO DE MENOS SÃO MAIS SINAIS
por Francisco Quinteiro Pires | Para o Valor, de Nova York
Relações consigo mesmo e com o próximo ficam bitoladas por tecnologias que parecem juntar, mas separam
VALOR ECONÔMICO, 21-01-2014



ECONOMISTAS OLHAM CEM ANOS À FRENTE
Por Simon Kuper | Financial Times

VALOR ECONÔMICO, 04-02-2014

Como será o mundo daqui a cem anos?, perguntou-se Ignacio Palacios-Huerta. Sendo um economista na London School of Economics, ele também colocou essa indagação a outros economistas. É verdade que os economistas não previram a crise financeira, mas, ainda assim, ele escreve na introdução de seu novo livro, os economistas "sabem mais sobre as leis das interações humanas - e têm refletido mais profundamente e vêm empregando métodos melhores - do que quaisquer outros seres humanos". (Certa vez, tentei vender suas teorias sobre cobranças de pênaltis para clubes de futebol. Ninguém jamais se interessou.)

Os economistas gostaram de sua pergunta. "Olá, Ignacio", respondeu por email Alvin Roth, Prêmio Nobel de 2012. "Para minha surpresa, achei seu convite tentador. Temo ser um sinal de velhice." Entre os economistas que se dispuseram a contribuir com capítulos há outros dois ganhadores do Nobel. O livro resultante, "In 100 Years", sugere alguns contornos prováveis do mundo de nossos bisnetos. Por exemplo:

Maior longevidade nos levará a reformularmos nossas vidas. No século passado, a expectativa de vida no Ocidente cresceu cerca de 30 anos. Daqui a um século, uma pessoa poderá chegar a viver cem anos, possivelmente até mesmo nos atuais países pobres, que já estão fazendo avanços rápidos, ao salvar crianças de doenças simples, como diarreia. Futuros avanços contra o câncer poderão coincidir com a "revolução cardiovascular", que tem reduzido as mortes por doenças do coração desde 1970, diz Angus Deaton, de Princeton. A saúde deve continuar a melhorar, simplesmente "porque as pessoas querem que melhore e estão dispostas a pagar por inovações".

Roth prevê que os pais manipularão os genes de seus filhos. Alguns desses métodos "poderão vir a ser considerados como parte de uma criação responsável dos filhos". Ele também acha que as pessoas se tornarão mais eficientes, graças a medicamentos que aperfeiçoam o desempenho e serão capazes de melhorar a "concentração, a memória ou a inteligência".

Quando os seres humanos viverem mais anos em boa saúde, provavelmente reorganizarão suas vidas. Roth diz que se a criação de filhos passar a tomar menos tempo, as pessoas poderão querer diferentes cônjuges para diferentes fases da vida. Poderão surgir "novas formas de relacionamento 'poligâmico' ao longo da vida".

Maior longevidade também modificará carreiras. "Uma carreira típica poderá significar trabalhar intensamente durante 30 anos, seguidos de muitos anos de trabalho de baixa intensidade", escreve Andreu Mas-Colell, da Universitat Pompeu Fabra, em Barcelona.

Robôs mudarão muito mais do que apenas o trabalho. Mesmo atualmente, quem pensa em estudar contabilidade deve considerar as chances de essa profissão durar menos do que a extensão de sua própria vida. Dentro de apenas décadas, carros sem motoristas terão substituído táxis e um robô escreverá minha coluna. Em cem anos, escreve Robert M Solow, Nobel de 1987, poderemos viver "o pesadelo de uma economia em que os robôs vão se encarregar de toda a produção, inclusive a produção de robôs". Os empregos disponíveis serão mais interessantes, observa Mas-Colell, porque todo o resto terá sido automatizado.

Outra consequência da robotização: a humanidade vai tornar-se mais bem educada. Já caiu a demanda por trabalhadores sem instrução nos países ricos. Em cem anos, os robôs tornarão isso verdadeiro também nos países pobres. Nossos bisnetos nos verão como camponeses ignorantes, doentes e minúsculos. Eles também serão mais bem treinados em habilidades emocionais do que nós, porque esse é um território em que podem superar os robôs. Como escreve Edward Glaeser, de Harvard: "Não consigo imaginar um mundo em que os ricos não estejam dispostos a pagar por interações agradáveis com um prestador de serviços capacitado".

Com base em tendências passadas, é mais provável que uma população educada exija democracia e queira viver em paz. Mas os terroristas também terão acesso a tecnologias assombrosas.

Interações presenciais poderão continuar a perder relevância, escreve Roth. Estenderei seu prognóstico: daqui a cem anos, em vez de comunicar-se com alguém via Skype, você poderá hospedar o holograma de uma pessoa em sua sala de estar. Nesse futuro, real proximidade física poderá ser relevante (talvez) apenas para fazer sexo. À medida que a proximidade física perder importância, a tendência de urbanização do século passado poderá ser revertida. Daqui a cem anos, as pessoas poderão estar distribuídas de forma mais eficiente por toda a Terra. Poderão surpreender-se ao saber que a região metropolitana de Tóquio já teve mais habitantes do que a Sibéria.

As mudanças climáticas poderão fazer com que a Sibéria ou o Norte do Canadá fiquem cheios de gente. Os economistas que contribuíram para este livro não creem em tentativas relevantes para evitar a mudança climática. As pessoas vão tentar lidar com isso só depois que começar a afetá-las, suspeita Martin Weitzman, de Harvard. Ele diz que não podemos prever a dimensão das mudanças. A incerteza é enorme. Mas ele teme que, eventualmente, um país desesperado vá optar por uma solução unilateral "incrivelmente barata": espalhar um "guarda-sol" de partículas reflexivas na estratosfera, para bloquear parte dos raios solares. Isso esfriaria o planeta. Mas também poderá ter consequências inesperadas horrendas.

As rendas provavelmente serão muito maiores em todo o mundo, impulsionadas pelo aumento da produtividade, é o consenso entre a maioria dos autores. Daqui a cem anos, as pessoas mais pobres do mundo poderão viver como vivem hoje americanos de classe média, diz Roth. Isso é relevante. No entanto, escreve Avinash Dixit, de Princeton, o aumento da renda nos países desenvolvidos é muito menso relevante. Especialistas em estudos sobre felicidade, como Richard Layard, argumentam que, a partir do momento em que as pessoas passarem a dispor de aproximadamente US$ 15 mil por ano, mais dinheiro não as tornarão mais felizes. A maioria dos economistas citados no livro preocupa-se menos com os níveis de renda do que com a desigualdade, que na era robótica, poderá ser muito pior do que hoje. (Tradução de Sergio Blum)



ECONOMISTAS DA NOVA SAFRA SE 'LIBERTAM' DA INFLAÇÃO
por Mariana Carneiro e Érica Fraga
Uma nova geração de economistas chega à maturidade mais interessada em estudar como a educação e as instituições interferem no desenvolvimento do que a inflação.



WEA Pedagogy 

Blog We welcome posts about your experiences and suggestions on teaching and learning economics, with a strong focus on methods leading to deep understanding of current real world economic issues.

"In 100 Years: Leading Economists Predict the Future"
Ignacio Palacios-Huerta. Editora: MIT Press. 216 págs., US$ 22,46


Menos ortodoxia
"A principal tendência da economia ensinada é justificar o status quo”, critica biógrafo de Keynes, Robert Skidelsky. Por Gabriel Bonis, de Londres

por Gabriel Bonis — publicado 06/03/2014 05:51, última modificação 07/03/2014 05:43


O QUE KEYNES FARIA EM 2014?   facebook
Por John Wasik | Da Reuters

O economista foi também um grande investidor que formulou princípios válidos sob quaisquer condições de mercado
VALOR ECONÔMICO, 05-02-2014


Economics: a discipline ripe for disruption
In the years since the financial meltdown, it seems as if students are more serious than lecturers about pursuing its causes


MARX E O LUCRO MECÂNICO
por J. Bradford DeLong
Bem-vindo à virtual economia do trabalho explorador, em que a maioria de nós está acorrentada a escrivaninhas e monitores, para sempre apenas mais uma engrenagem
Jornal VALOR ECONÔMICO, 01-04-2014

PARA UM MUNDO SEM POBREZA
Por Jim Yong Kim
Estou convencido de que podemos acelerar o progresso na luta contra a pobreza e em prol da equidade social, aproveitando os conhecimentos que já existem no mundo inteiro
Jornal VALOR ECONÔMICO, 24-03-2014

AS HISTÓRIAS SOBRE A ECONOMIA
Por Robert J. Shiller
Não é fácil para líderes nacionais, mesmo aqueles com os talentos de Abe, administrarem essas narrativas, assim como é difícil para produtores de filmes entregarem um grande sucesso a cada obra
Jornal VALOR ECONÔMICO, 21-03-2014